O Mentiroso
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No antigo Porto, município de Rancharia, região oeste paulista, havia uma aldeia, onde uma pessoa ficou doente. Seus familiares, preocupados, chamaram o padre para ouvi-lo, em confissão. Como não havia estrada naquela região, o único meio de transporte era o fluvial, em precárias canoas.
Vinte quilômetros pelo Rio Paranapanema, cercado de densas matas por ambas as margens, o bondoso religioso enfrenta a viagem.
Noite muito escura e chuvosa; o barqueiro, cheio de coragem diz:
- Conversando, o tempo passa depressa e logo estaremos chegando.
A chuva aumentou e o padre disse:
-Boa chuva! Já estava precisando mesmo. Estas matas devem ser ótimo local para caça.
- Excelente! Diz o matuto. Já abati onça das grandes aqui; imagina senhor, que a última que matei, pesou dez arroubas e só de rabo tinha dois metros.
A chuva continua aumentando, e, nesse instante, cai um raio bem próximo à canoa, partindo uma grande árvore ao meio.
![](http://br.geocities.com/abertura18/Raio_3.gif)
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- Isto é o que o senhor chama de boa chuva, senhor padre? Não tem medo de que algo venha a nos acontecer?
- Não, diz o padre. Isto só aconteceria, se houvesse um mentiroso entre nós.
Aumenta ainda mais o vento e cai outra faísca nas proximidades da embarcação.
- Senhor vigário, diz o matuto, a onça que matei aqui, além de pequena, nem rabo a bicha tinha.
Neste momento, cai outro raio e o mestre do remo diz:
- Para dizer a verdade, eu nem espingarda tenho.
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