Histórias que o Vovô contava

Padre Roxo


Padre Roxo

Sebastião Paulino,nascido em Tabuleiro do Pomba,Zona da Mata-Minas gerais,de família pobre,teve sua infância muito sofrida.Sua mãe,porém,muito religiosa,levava-o todos os domingos à missa e, para tal,tinha que caminhar seis quilômetros até a igreja.Para o garoto,era o maior prazer,pois fazia o mesmo trajeto todos os dias para a escola.
Paulino,como era chamado,manifestou o desejo de ser padre.Como já havia terminado o primário,seguiu no mesmo ano para Mariana,onde havia o Seminário Diocesano e,portanto,continuar com seus estudos.
Onze anos se passaram e Sebastião Paulino tornou-se padre.Bem que poderia ser da ordem dos Paulinos,pois seu nome assim sugeria,mas não o foi.Apesar de todos os seus colegas terem batina preta,a sua era roxa; daí,o apelido de Padre Roxo.
Primeira missa!Claro que foi em Tabuleiro - sua terra natal.Em seguida,o novo sacerdote foi destacado para uma paróquia recentemente criada - Paróquia de Santo Antônio de Miraí,para onde o padre segue de "mala e cuia".
Igreja em construção,mas em fase terminal;o povo muito alegre;banda de música;coreto todo enfeitado;o prefeito de terno;novos vereadores na maior bajulação;até parecia véspera de eleições,com "alguém" querendo ser reeleito.
O padre faz o seu sermão e os aplausos são ensurdecedores.Muitos fazem questão de apertar a mão do novo padre,dando suas boas vindas,desejando-lhe felicidades e grande permanência.
_Estamos exuberantes de alegria ,em tê-lo conosco,padre!diz o prefeito.
_ Obrigado,obrigado!eu estava preparado,responde o padre.
No dia seguinte,chega na estação ferroviária de Leopoldina,o sino da igreja.
O padre ,porém,não sabe como levá-lo até a torre.Segunda-feira "brava";ninguém para ajudá-lo;mas não é tão pesado;coloca o bronze na cabeça e sobe a escada até a altura desejada.Agora,é só engatá-lo e pronto!
Mas não foi bem assim.O pedreiro tinha acabado de fazer a torre;o reboco ainda mole;o padre distraidamente não percebeu que chegara ao fim da escada,onde o sino rompeu os tijolos e caiu na praça.
_ Ainda bem que saí ileso,disse o padre!
Devido à escassez de transportes,algumas pessoas falecidas chegavam na igreja com dias de atraso e,ás vezes,já cheirando mal.
Como de costume,antes de fazer o sepultamento,tinha que ser encomendado a Deus,aquele ente querido da família,o que padre roxo o fazia com muito gosto;porém,com um dedo na água benta e outro no nariz.
Padre Roxo não era de "matar com a unha".Certa vez,quando discursava,disse:
_ O povo me chama de Padre Roxo,mas fiquem sabendo que sou roxo na cor;roxo na batina e roxo na coronha da carabina.
Padre Roxo fora designado para abrir uma paróquia nova em Boa Família,o que fez em pouco tempo;mas nem tudo correu como ele esperava.A imagem do padroeiro,por mais que ele procurasse,não o encontrava.
Comunicou imediatamente ao Excelentíssimo Senhor Bispo Diocesano:
_ A igreja está pronta! O diabo é o santo!

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