Histórias que o Vovô contava

A Cruz Do Caminho -

Cruz Do Caminho
Papai quando se casou
Foi morar na Sapucaia;
Ele tinha um terno preto,
A mamãe usava saia.
Ali ficou muito tempo
Era quase um paraíso;
Tinha tudo que é preciso;
Cavalo,enxada,café
O trabalho era alegria,
Saúde ele tinha de sobra,
Não tinha medo de nada,
De jacaré nem de cobra.
Mas o tempo logo passa,
Admirando a lavoura
De feijão,café e milho
E o velho já com seis filhos.
Dali já quis se mudar;
Em Santana botou fé;
O mato quis derrubar;
Queria plantar café.
Ali nasceram dois filhos;
Nasceu o café também;
O paiol cheio de milho,
No bolso nenhum vintém.
Cinco anos ali moramos;
Mudamos para Laginha,
Para uma casa de taipa,
Porém,muito menorzinha.
Nos fundos,uma pedreira,
Bem ao lado de um riacho;
Na copa de uma mangueira,
Pendurado um ninho do guacho.
Bem ao longe um gramofone
Tocando a música que tinha;
Pedreira que empresta o nome
Do belo Sítio Laginha.
A vida ficou difícil;
Serviço tinha acabado;
Pegamos um carro do boi,
Mudamos pro Osmar Furtado.
Ali a gente gostava;
Plantamos um lote de cana,
Com pouco tempo enjoamos;
Voltamos lá pra Santana.
Prejuízos,desenganos;
No lugar em que estávamos,
Só ficamos lá um ano;
Pouco depois mudamos.
Lá pra casinha do Dário,
Bem alí no pé do morro,
Houve um desentendimento;
Briga por um cachorro.
E mudamos novamente
Pro paiol do meu avô;
Não tinha outro lugar;
Ali a gente ficou.
Pouco tempo, só um ano
Comendo polenta frita;
Com a tranqueira no carro,
Fomos morar no Juquita.

Ali a gente penava;
Quem pode dizer sou eu;
A vida estava difícil
E a Mariana morreu.

Sem saber o que fazer,
Viver ali é suplício;
Resolvemos nos mudar
Lá pro sítio do Alício,

Pra criança tudo é festa;
Pra São Paulo andar de trem;
Mas numa viagem desta,
E a grana d’onde vem?

O papai é um herói;
Com ele não há quem possa;
João Resende é logo ali;
Bote as malas na carroça.

O carroceiro famoso
E cavalo bom ta aí;
Um cachorro com três pernas
E meu adeus Mirai.

Viagem alegre e gostosa;
Dário Cortes nos espera;
Quero morar em Prudente
Nem que seja na tapera.

A cidade é tão bonita;
Há muito tempo eu não via;
Tio Bráulio nos esperava,
Morando na serraria.

Ali a gente ficou
Durante duas semanas;
Depois a gente mudou
Pra Colônia Americana.

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